A decisão leva os réus a julgamento pelo Tribunal do Júri
O juiz João Zibordi Lara, da 2ª Vara de Peixoto de Azevedo (674 km de Cuiabá), manteve a decisão de levar a júri popular a fazendeira Inês Gemilaki, seu filho, o médico Bruno Gemilaki Dal Poz, e o cunhado dela, Eder Gonçalves Rodrigues. A defesa dos réus havia entrado com recurso.
Eles são acusados de duplo homicídio qualificado e tentativa de homicídio, crimes ocorridos em abril de 2024.
Inês e Bruno invadiram a casa de Ernecir Afonso Lavall (Polaco) e dispararam contra os presentes, atingindo e matando Pilson Pereira da Silva e Rui Luiz Bogo. O Polaco, que era o verdadeiro alvo dos atiradores sobreviveu.
Na decisão dessa quinta-feira (6), o magistrado examinou o recurso apresentado pelas defesas contra a submissão ao júri popular pelos crimes denunciados.
A denúncia contra Inês, Bruno e Eder foi recebida no final do ano passado.
As defesas dos réus entraram com recursos em sentido estrito contra a decisão de pronúncia.
Bruno e Inês Gemilaki pediram o afastamento da qualificadora de motivo fútil, alegando que a dívida que “Polaco” cobrava foi julgada improcedente em 2023.
As defesas também pediram a absolvição sumária pelo crime de homicídio qualificado contra “Polaco”.
Entretanto, o juiz considerou que a dívida foi a motivação do crime e que a qualificadora de motivo fútil deve ser analisada pelo Conselho de Sentença.
O magistrado também concluiu que os réus agiram com intenção de matar “Polaco”, apesar da arma de Inês ter ficado sem munição. Ele ainda reforçou que os réus agiram com ciência de seus atos.
“Acerca dos demais argumentos lançados pelos recorrentes, mantenho a sentença por seus próprios fundamentos”.
Apesar da decisão do juiz, o processo seguirá para o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) para reexame. Já os réus aguardarão o julgamento pelo Tribunal do Júri.
Relembre o caso
Os crimes ocorreram durante uma confraternização na casa de Ernecir Afonso Lavall. Inês e Bruno invadiram o local armados e dispararam contra os presentes, atingindo e matando Pilson Pereira da Silva e Rui Luiz Bogo. José Roberto Domingos e o anfitrião, Ernecir Lavall, também foram alvejados, mas sobreviveram.
As autoridades indicam que a motivação dos crimes está ligada a um desacordo comercial envolvendo uma dívida de aluguel entre Inês e Ernecir. Os advogados da família de Rui apontam que o ataque foi premeditado e realizado de forma que dificultou a defesa das vítimas.
Após o crime, Inês e Bruno permaneceram escondidos em uma fazenda. A prisão ocorreu quando decidiram se entregar, acompanhados de uma advogada.
O Ministério Público destacou a gravidade do caso, solicitando a inclusão de qualificadoras como motivo fútil e recurso que dificultou a defesa das vítimas. Já a defesa dos réus argumenta que o contexto do crime envolve ameaças e intimidações prévias contra eles, pedindo a exclusão das qualificadoras.
Durante o julgamento, o júri popular será responsável por decidir o destino de Inês Gemilaki e Bruno Gemilaki Dal Poz.