Nesta quinta-feira (5) a morte do advogado Roberto Zampieri, em Cuiabá, completa um ano. Os suspeitos já foram identificados e o caso teve reviravoltas após perícia no celular da vítima, que revelou um esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e até mesmo no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Após a morte de Zampieri a viúva, Adriana Ribeiro Garcia Bernardes Zampieri, entrou com vários pedidos para reaver o celular do marido, assim como pediu para que as apurações no aparelho se restringissem apenas aos fatos relevantes ao homicídio.
Contudo, o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) denunciou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) alguns “atos estranhos” do juiz Wladymir Perri neste processo, como exigir que os objetos e provas do caso fossem entregues pela polícia exclusivamente a ele, ter decretado o sigilo do processo (fora das hipóteses legais) e também ter feito o deslacre do material apreendido dando a si próprio a exclusividade de irrestrito acesso a ele.
O CNJ então pediu o envio de todas as provas do caso e depois disso foi descortinado o grande esquema de venda de sentenças do qual Zampieri fazia parte. A partir daí foi identificado o envolvimento de diversos servidores do Poder Judiciário e magistrados, como os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, que foram afastados de seus cargos.
As investigações da polícia também já apontaram os responsáveis pelo homicídio. Antonio Gomes da Silva, Hedilerson Fialho Martins Barbosa e Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas foram denunciados pelo homicídio de Roberto Zampieri com as qualificadoras de recurso que dificultou a defesa da vítima, emprego de arma de uso restrito e mediante paga ou promessa de recompensa. O suposto mandante seria Aníbal Manoel Laurindo.
Ainda não foi marcado o julgamento e a juíza Anna Paula Gomes de Freitas, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, já apontou as tentativas da defesa em arrastar o processo.
O crime
Roberto Zampieri tinha 56 anos e foi assassinado na noite do dia 05 de dezembro de 2023, na frente de seu escritório localizado no bairro Bosque da Saúde, na capital. A vítima estava em uma picape Fiat Toro quando foi atingida pelo executor com diversos disparos de arma de fogo. O executor foi preso na cidade de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte (MG).
O mandado de prisão de Antônio Gomes da Silva foi cumprido pela Delegacia de Homicídios da capital mineira em apoio à Polícia Civil de Mato Grosso, que investiga o crime ocorrido contra o advogado.
No dia 22, Hedilerson Fialho Martins Barbosa, membro do Exército e instrutor de tiro, foi apontado como intermediário do crime, sendo responsável por contratar o executor e entregar a arma de fogo.
Coronel do Exército, Etevaldo Luiz Cacadini de Vargas, foi preso no dia manhã de janeiro, em Belo Horizonte (MG), acusado de ser o financiador do crime. O suposto mandante, Aníbal Manoel Laurindo, está solto.